A IX Assembleia Nacional do Segue-me está se aproximando cada vez mais, e dessa vez acontecerá na Diocese de Crato, mais especificamente na cidade de Juazeiro do Norte, no interior do estado do Ceará.

A Diocese de Crato vem ganhando mais relevância na Igreja no Brasil, especialmente no último ano, com a abertura do processo de beatificação e canonização do Padre Cícero Romão, processo esse que já era de interesse dos fiéis que ocorresse há muito tempo, mas aos que ainda não o conhecem podem perguntar, quem foi o Padre Cícero?

Nascido em 24 de março 1844[1], Cícero Romão Batista foi um sacerdote ordenado em 1870. Na noite de Natal de 1871 foi convidado a visitar uma pequena vila e celebrar a missa, durante sua visita, Padre Cícero gostou muito daquele povo que ali vivia, posteriormente voltou e ali fundou o que hoje é a cidade de Juazeiro do Norte.

Uma das maiores polêmicas que aconteceu na vida do Padre Cícero foi quando em 1889, durante uma celebração, ao ministrar a comunhão a uma residente conhecida como Beata Maria de Araújo, a eucaristia se transformou em sangue, e durante dois anos esse milagre se repetiu na presença de vários fiéis.

Os relatos do milagre correram por todo o nordeste brasileiro, e fiéis de todos os locais vinham a Juazeiro em busca de presenciar o milagre se repetindo. Para aqueles fiéis a santidade do Padre era algo certo, mas nem todos pensaram assim, o então Bispo de Fortaleza ficou cético sobre a veracidade deste milagre, e uma grande investigação iniciou-se.

A história dessa investigação é longa e digna de roteiro de filme, cheia de reviravoltas, horas se acreditava que de fato havia um milagre, hora era tudo uma farsa, no fim das contas o milagre foi desacreditado e Padre Cícero foi suspenso de seu serviço clerical.

Suspenso, já não podia ministrar nenhum sacramento, mas era muito procurado por fiéis romeiros que acreditavam na sua santidade, sendo assim muitos fiéis quando iam batizar seus filhos pediam que o Padre Cícero participar da cerimônia, não como Padre, claro, mas sim como padrinho, surgiu então a alcunha de “padim Cícero”, como é popularmente conhecimento por muitos devotos.

Em 1989 o Padre Cícero com ajuda de amigos e fiéis conseguiu o recurso financeiro para viajar para Roma, a fim de poder ter seu processo julgado pelo Santo Ofício, e depois de vários meses em Roma recebeu sua reabilitação a Igreja, sendo liberado para voltar a celebrar missas fora do Ceará, pois para celebrar novamente em Juazeiro precisaria da autorização do Bispo [2].

E mesmo insistindo bastante o Bispo de Fortaleza nunca lhe deu a autorização para voltar a celebrar dentro da Diocese, mesmo assim o Padre Cícero optou por continuar em Juazeiro mesmo sem celebrar os sacramentos, e ali ficou até sua morte aos 90 anos, no dia 20 de julho de 1934.

Mesmo após sua morte, milhares de romeiros vêm a Juazeiros todos os anos a fim de aqui poderem pedir ou agradecer pelas bênçãos recebidas e promessas realizadas.

Inicialmente pretendia ter falado mais sobre a cidade, mas falar de Juazeiro sem falar do Padre Cícero é algo praticamente impossível, por fim deixo aqui claro minha alegria em receber na nossa cidade esse importante evento para o nosso querido Movimento, e que esta cidade que foi construída na base da fé e da oração inspire o coração de todos os membros desta Assembleia.

 

Wallyson F. Lira

Paróquia Nossa Senhora das Dores

Diocese de Crato – CE

 

Notas:

[1] Estas e mais informações sobre a vida e história do Padre Cícero podem ser encontradas no site da diocese de Crato: https://diocesedecrato.org/pe-cicero/

[2] A viagem a Roma do Padre Cícero, de Vasco Mariz. Disponível em:   https://ihgb.org.br/revista-eletronica/artigos-454/item/108289-a-viagem-a-roma-do-padre-cicero.html