Ainda é possível uma relação entre os jovens e a Bíblia?

No mês de setembro a Igreja Católica celebra o mês da Bíblia. De acordo com a CNBB, este mês se tornou referência para o estudo e contemplação da Palavra de Deus. Em 2020 o lema é “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11), vindo de Deuteronômio, um livro rico em reflexões éticas e morais, com o intuito de promover a justiça e a solidariedade.

A história do surgimento desta celebração no Brasil dá-se em 1971, quando na Arquidiocese de Belo Horizonte propôs uma ação para todos os fiéis, em comemoração aos seus 50 anos. Hoje, além do Brasil, o mês da Bíblia é celebrado também em outros países latino-americanos e africanos, tendo como proposta a reflexão e o íntimo contato com Deus através de suas Escrituras.

A CNBB recomenda que neste mês a família e grupos se juntem (online) e façam a reflexão sobre o Livro de Deuteronômio, onde sua riqueza já fora falada. Em seu núcleo (capítulos 12 a 16), encontra-se o “Código de Deuteronômio”, um conjunto de preceitos que vai do culto às relações sociais e familiares a como lidar com conflitos armados.

Diante deste mês e deste livro, fica a pergunta: ainda é possível uma relação entre os jovens e a Bíblia? A resposta é óbvia: não só é possível, quanto é real e preferível. Deus escolhe diariamente a juventude e sua ânsia de mudança para promover e rejuvenescer sua Igreja! De acordo com texto extraído do site “Jovens Católicos”, a leitura da Bíblia pelo jovem o leva a conhecer a história de fé da humanidade e aprender com os desafios e ações que forem necessários para o fortalecimento da fé em Deus.

Alguns jovens têm dificuldade de compreender os textos da Sagrada Escritura, ao tentar fazê-lo com a linguagem literal, esquecendo-se da mística litúrgica e de amor que estão por trás dos textos. Quando procuramos as leituras que narram a saga de Moisés libertando o povo de Deus do Egito, por vezes não compreendemos que a terra prometida pode ser encarada como uma metáfora que conduz aquele povo a algum lugar. Um lugar onde eles podem ser eles próprios e seguir sua cultura e ter sua identidade.

Para nós, católicos, o Antigo Testamento nos prepara para a vinda de Cristo. Quando Ele vem, não vem para anular ou extinguir o Antigo Testamento, mas, dá-lhe “vida”. Afirmara Jesus: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mt 5, 17). Isto é, Jesus não veio para destruir as leis de Moisés, mas para mostrar como cumprir as leis que ainda estavam na madeira.

A leitura bíblica consegue, de forma belíssima, mostrar a vida de Jesus em uma ordem cronológica e de importância cultural. Ela conta como sua mãe fora escolhida, “bendita és tu entre as mulheres”. Narra, em Lucas, como sua mãe se preocupou quando achou que Jesus estivesse perdido, enquanto ele ensinava aos profetas como um adulto. Também narra não apenas um primeiro milagre, e sim um filho que atende a vontade da mãe e lhe é obediente; uma mãe que intercede por todos.

A Bíblia não é um mero documento que cita milagres, ela faz muito mais: conta do mundo que foi preparado para a vinda do Cristo. Narra sua educação e a importância de sua mãe e dos apóstolos. Lucas, em Ato dos Apóstolos, fala como Jesus esteve com seus discípulos mesmo após a morte. Cristo andando com os discípulos de Emaús, que tiveram a coragem de dizer: “fica conosco Senhor”. As primeiras comunidades cristãs, às quais os pagãos olhavam e diziam: “vejam como eles se amam”.

Jovens, a Bíblia é a Palavra de Deus. É como Deus fala com seu povo e como Deus quer falar com você. Abra o seu coração e medite as palavras. Não a leia como se lê um romance. Reflita-a. Medite-a. Perceba como Deus age em todas as coisas e quer sempre mais de cada um de nós.

Através da Sagrada Escritura, sabemos da vida de Cristo e como era a vida dos cristãos nas primeiras comunidades. Como está nossa vida de cristão hoje? Será que os pagãos, ao olharem para nós, católicos, poderão dizer o que disseram há mais de 2.000 anos: “vejam como eles se amam”? Se quisermos saber para onde vamos, olhemos de onde viemos. Olhemos nossas raízes culturais e religiosas. Estudemos a Bíblia!

 

REFERÊNCIAS:

https://catequistasbrasil.com.br/mes-da-biblia-2020-conhecendo-melhor-o-livro-do-deuteronomio (Acessado em 16 de setembro de 2020)

https://jovenscatolicos.com.br/artigos-religiosos/conhecer-a-biblia-catolica/ (Acessado em 16 de setembro de 2020).

Raul Messias Lessa
Paróquia de Santa Catarina Labouré
Arquidiocese de Maceió/AL