Nos dias 6 e 7 de abril, a página do Instagram do Segue-me Brasil (@seguemebrasil), convocou em seus story os seguidores de todo o país para que enviassem suas dúvidas em relação à Páscoa. O objetivo foi esclarecer as dúvidas mais frequentes, bem como, criar uma maior interação entre a rede social e o site com as notícias do Movimento.

Vamos conferir? 

 

1. No Tempo Pascal, nas sextas-feiras estamos liberados da abstinência de carne? 

A abstinência de carne vermelha é uma tradição milenar do Catolicismo, que tem sua origem remetida à Idade Média, durante o pontificado de Nicolau I, quando fora imposta a prática de abdicar de carne toda sexta-feira a todos os cidadãos maiores de 14 anos

Segundo o Código de Direito Canônico, Capítulo III, artigo 1.250, “os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”. Continua o Código afirmando que estão obrigados todos os maiores de 14 anos e à lei do jejum todos os maiores de idade, até os seus 60 anos. 

Durante a X Conferência Episcopal Portuguesa, em 1984, a abstinência foi ressignificada e definida como a escolha de uma alimentação simples e pobre. Recomenda-se a abstinência de carnes, no entanto, esta pode ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo os mais requintados e preferenciais na alimentação de cada um. 

Assim, no apêndice, determina a Conferência acima realizada, que o jejum e abstinência são obrigatórios em Quarta-feira de Cinzas e em Sexta-feira Santa. Deste modo, podemos concluir que a abstinência de carne nos outros dias é recomendada, e não obrigatória, exceto, se forem solenidades (Código Canônico, artigo 1.251).

Ademais, devemos nos lembrar do intuito espiritual do jejum e da abstinência. Segundo Dom Henrique Soares, o jejum e a abstinência têm quatro sentidos específicos e claros: (I) nos ensina que somos radicalmente dependentes de Deus, recordando-nos que nós não nos bastamos, precisamos sempre retornar Àquele que nos deu a vida. (II) A abstenção do alimento nos exercita na disciplina; (III) o jejum nos une a Cristo, no seu período de quarenta dias pelo deserto; (IV) por fim, o jejum e a abstinência nos trazem de volta à essência do cristianismo e nos recorda daqueles que passam fome, abrindo-nos para os irmãos mais necessitados.

 

2.Por que se fala que Jesus ressuscitou depois de três dias, se ele ressuscitou em um domingo? 

Inicialmente, devemos considerar que os três dias da Paixão e Ressurreição de Cristo, não são calculados como 72 horas, como fazemos hoje. Caso o fosse, a Ressurreição seria na segunda-feira, às 15 horas. 

“Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’” (Lucas 24,46-47)”

Na prática, pelo calendário da época, os dias foram contados da seguinte forma: Cristo morreu na sexta-feira (1º dia), permaneceu morto no sábado (2º dia), e ressuscitou no terceiro dia. 

Ainda, devemos ficar atentos às liturgias e significados que toda a Sagrada Escritura nos revela. Assim como na Morte e Ressurreição de Cristo, o número três está presente em outros momentos bíblicos que nos preparam para a Paixão de Cristo. 

A título meramente ilustrativo, o profeta Jonas esteve três dias e três noites dentro de uma baleia. Enquanto estava nele, Jonas ora a Deus e sai um novo homem. Assim, concluímos que três dias representou o tempo da morte de um velho Jonas, e o renascimento de um novo Jonas. Ao mesmo tempo, Saulo – que ficou cego por três dias – morreu e renasceu em Paulo, um dos maiores evangelizadores de nossa Igreja. 

Devemos nos ater aos significados escondidos pelas entrelinhas litúrgicas que a Bíblia nos proporciona. O Tempo Pascal nos convida, sempre, a deixarmos para trás nossas humanidades e pecados, para renascermos em um Deus, Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo.

 

3.O que se celebra no Sábado de Aleluia? 

O Sábado de Aleluia é o dia que antecede a Páscoa do Senhor, a sua Ressurreição. É o dia que fica entre a Solenidade da Ressurreição e a dor da Paixão e Crucificação de Cristo. Seu significado está intrinsecamente relacionado à preparação para a Ressurreição. 

Segundo Cardeal Orani, o Sábado de Aleluia é um dia voltado para o silêncio e para a oração, preparando-se para a Vigília Pascal que acontecerá à noite. A origem do nome vem da reserva da Igreja Católica de não dizer “Aleluia” no Tempo Quaresmal, no entanto, no fim do Sábado, finalmente se diz aleluia para anunciar o início da Páscoa.

 

4.O que é o Tríduo Pascal?

Uma pergunta muito comum entre os católicos é sobre o significado do Tríduo Pascal. Conforme explicação já citada neste texto, o número três tem diversas menções e interpretações nas Sagradas Escrituras, e assim também o é com o Tríduo Pascal. 

O Tríduo Pascal envolve três momentos do Mistério na Celebração Pascal, que vai da Quinta-feira Santa até o Domingo de Páscoa. Na Quinta-feira, recordamos o  do lava-pés, fazemos memória da grande Ceia de despedida, onde Cristo, por meio de seus gestos, garante nos amar até o fim. 

Na Sexta-feira da Paixão, damos- nos de frente com o Cristo morto. Torturado por nós, fez da Sua Carne o Verbo. Fez com que as Escrituras fossem cumpridas em sua pele. Por fim, vivemos a espera do Sábado de Aleluia, conforme dito acima. 

Segundo site da Canção Nova, a celebração do Tríduo Pascal representa nossa aproximação com a memória do sacrifício de Jesus Cristo por nós, do Cordeiro de Deus imolado, para remissão dos pecados. E não se resume em relembrar o sacrifício de Cristo, mas em nós mesmos nos voltarmos para o caminho de Deus, renovados pelo perdão.  

O Código Canônico nos impõe, em seu artigo 1.247, a obrigação de participar da Missa nos domingos e outros dias festivos. Assim, concluímos que é imprescindível a participação dos católicos nas celebrações litúrgicas, especialmente quando falamos da celebração mais importante da agenda católica em todo o calendário gregoriano.

 

5.Considerações Finais 

Esperamos ter solucionado algumas dúvidas de nossos seguidores. 

Por fim, sabemos da impossibilidade de alguns seguidores de participarem ativamente da Quaresma e Semana Santa por imposições sanitárias das medidas contra a Covid-19. Este texto foi escrito com padrões normais, devendo o cristão agir de modo amoroso para com seu próximo, promovendo políticas de saúde para que possamos, juntos, vencer a pandemia e nos encontrarmos, em breve, nos encontrões seguimistas.

Deus os abençoe!

 

Maceió, 18 de abril de 2021. 

Raul Messias Lessa
Arquidiocese de Maceió/AL
Paróquia de Santa Catarina Labouré