A redação do Segue-me Brasil conversou com o responsável pela Diocese de Valença para saber o que ele pensa da juventude contemporânea

 

A Diocese de Valença (RJ) é uma das muitas pelo Brasil que o Segue-Me integra. Há quase cinco anos à frente dela, Dom Nelson Francelino Ferreira conhece muito bem os desafios do trabalho de manter os jovens inseridos na Igreja, pois se dedica ao setor juvenil desde o início de sua caminhada religiosa. Atual membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, o bispo analisa otimista e consciente o caminho a ser trilhado pelos jovens Católicos para superação dos obstáculos.

Perguntado sobre a atual situação dos jovens na igreja, o bispo elencou: “Vejo sempre com os olhos da esperança e da profecia. Os jovens são envolvidos e comprometidos pela causa do Reino. Precisamos avançar em muitas frentes, relacionadas à formação e militância missionária no campo da música, da arte e dos esportes para atingir cada vez mais jovens. Ainda percebemos uma presença tímida nas diversas áreas sociais, mas acredito que, na medida em que houver a maturação, esse caminho vai ser atingido”.

Na mesma linha de pensamento, ciente das mudanças necessárias nas ações juvenis, Dom Nelson fala do Segue-Me. Para ele, o movimento precisa “se reinventar a cada ano, trabalhar muito internamente, bem como externamente aprofundar o sentido da sinodalidade”. Na opinião do presbítero, além da boa preparação dos encontros é necessário trabalhar principalmente o aspecto evangelizador e mensageiro da Boa Nova que o jovem precisa ter.  “Ser seguimista é ser Missionário, não esmorecendo em nenhuma dificuldade. Precisamos aprimorar os encontros do Segue-Me, mas precisamos também cuidar dos antigos para que todos possam levantar a bandeira do Segue-Me nessa dimensão missionária e social”.

A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, da qual o bispo de Valença faz parte, tem o mesmo olhar esperançoso para a juventude . Inspirados pelo Papa Francisco, que “aposta no voluntariado juvenil”, os Bispos acreditam que juventude pode e deve tornar viva a passagem do Evangelho de Lucas, quando Jesus conta a Parábola do Bom Samaritano. Para Dom Nelson, é necessário que os jovens, assim como o homem citado nas escrituras, tenham um olhar mais sensível aos vulneráveis e esquecidos para trazê-los para perto da obra de Deus. “Precisamos chegar às periferias onde muitos jovens desiludidos com a falta de testemunho, cada vez mais se afastam da dinâmica do Reino. Precisamos criar uma juventude mais samaritana e nos espalhar nas várias frentes onde se encontram as dores e sofrimentos dos nossos jovens”.

Preocupado com todo o cenário que envolve a juventude contemporânea, o Papa Francisco escolheu “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” como tema do Sínodo do ano passado. Nesse contexto, o responsável pela Diocese de Valença, ressalta a importância de a Igreja debater ações para o âmbito juvenil tendo em vista que “há um desencanto cultural, uma experiência de vazio existencial que serve de alicerce para a cultura do homicídio juvenil. Isso é muito duro”.

Dom Nelson durante encontro com o Papa Francisco

Segundo Dom Nelson, para começar a transformar a realidade, a Igreja deve ousar “e acolher sem moralismos, mostrar o rosto Misericordioso do Pai que veio em Jesus Cristo, buscar e salvar os que estavam perdidos.Precisamos preparar os nossos jovens para que possam ser acolhedores e missionários junto à juventude desempregada, drogada, promíscua”.

Apesar de parecer uma direção difícil de ser tomada, Dom Nelson destaca que a comunidade juvenil tem uma constante sede de mudança, deseja sempre melhorias para o mundo. Assim,  fica mais propício incentivar a juventude a ser protagonista da renovação. “Os jovens têm uma sensibilidade ecológica muito grande, sonham com um mundo melhor,  de justiça e paz, e essa juventude diz que o Papa tem que ser encorajado, acompanhado nessa missão de dilatar esse Reino de Deus. A juventude precisa assumir seu protagonismo nesse cenário de tantos riscos  e perigo. Não podemos nos perder na virtualidade, o mundo nos aguarda.  Nós queremos uma juventude que seja sonho, mas realidade”, enfatiza o bispo.

Em meio a tantos riscos, vulnerabilidades e problemas comuns da juventude por todo o mundo, é possível mudar. É preciso iniciar a mudança, com empenho e com a fé missionária que o jovem deve carregar consigo, pois como completa Dom Nelson Francelino Ferreira “a expectativa é justamente essa, que o Papa Francisco com um espírito juvenil nos estimule para uma saída em defesa da vida em todas as suas instâncias para criarmos a cultura da solidariedade e alegria”.